A cada nova ida ao supermercado, à loja de material de construção ou mesmo nos intervalos da programação da TV e nas revistas, deparamo-nos com cada vez mais produtos se dizendo "eco", "verde", "amigo do meio ambiente", "que preserva a natureza".
A lista é extensa, mas, infelizmente, constatamos que a grande maioria ainda é "maquiagem verde". Sinais de que a corrida maluca para o verde - isto é, distorções dos conceitos para se fazer parecer sustentável sem ser - cresce a cada dia.
Recente pesquisa sobre tendências para o consumo consciente, realizada pelo Monitor de Responsabilidade Social Corporativa 2009, publicada na edição deste mês da revista Ideia Socioambiental,indica que apenas 8,2% do consumidores se caracterizam como retaliadores, ou seja, deixam de comprar produtos e ainda criticam a empresa para terceiros, disseminando informações negativas.
Há mais um argumento para a empresa não mudar e acelerar ainda mais a corrida maluca para o verde. No Brasil, ainda não existem números sobre maquiagem verde, mas na Austrália, recente levantamento, identificou que 98% dos produtos oferecidos como verde são "maquiados".
Temos a população do planeta mais preocupada com as mudanças climáticas e disposta a até pagar mais caro por produtos e serviços que possam contribuir para um mundo melhor. Algumas empresas sabendo disso têm exagerado em sua comunicação e cometido erros que poderiam ser
classificados como propaganda enganosa ou mesmo falsidade ideológica.
Esses comportamentos têm causado mais ceticismo e desconfiança no consumidor e dificultado o posicionamento de ações consistentes em sustentabilidade. Por falta de opção e informação correta, os consumidores brasileiros continuam levando para casa produtos que podem prejudicar a saíde de suas famílias propagandeados como "mais sustentáveis" porque têm rótulos e embalagens recicladas.
A falta de uma legislação adequada que proteja o interesse do consumidor tem feito com que seja possível se anunciar pão-de-queijo que não contém queijo, produtos como ecológicos que agridem a natureza e se estimular o uso de água sanitária como mais sustentável só porque sua embalagem é feita de material reciclado.
É interessante perceber que existem empresas multinacionais fazendo isso em nosso País, mas que não se atreveriam a fazê-lo nos EUA onde poderiam estar sujeitas a multas milionárias pela Federal Trade Commission.
Fonte: Revista Sustentabilidade
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